18 de julho de 2010

Janela Indiscreta

 Era só mais um dia normal: acordei e fui tomar o pequeno-almoço - sumo de laranja com torradas - estava estafada! Que é que me passou pela cabeça para ter ido sair ontem à noite com a Joana, quando sabia que hoje tinha que ir trabalhar? - perguntei-me - fosse como fosse, tinha escolhido sair e já era tarde demais para arrependimentos.
  Fui tomar banho, com água mais fria do que quente, numa tentativa vã de me acordar, nem isso resultou! Enrolei-me numa toalha e patinhei o chão da casa até chegar ao quarto, abri o guarda-fatos e enquanto escolhia a roupa que iria vestir, algo me impeliu para a janela.
  Vivo num prédio, numa rua ladeada de prédios, portanto da minha janela não se veêm bonitos jardins, ou o mar, ou um bosque... Vê-se apenas outro prédio igual ao meu e nesse outro prédio igual ao meu, numa janela igual à minha, estava um homem de aproximadamente quarenta anos a olhar para mim através de uns binóculos.
  Fechei os cortinados repentinamente. Já tinha ouvido falar de vouyers, mas nunca pensei que vivesse um na minha rua e a ideia perturbava-me, penso que ninguém gosta de ser espiado! Sai de casa, apanhei o autocarro e fui para o escritório. Não contei nada a ninguém e passei o dia a atender telefonemas  e a navegar na internet tentando abstrair-me daquele vouyer.
  Mais tarde, quando estava a abrir a porta de casa, o meu telefone tocou. Corri para o atender, era a Joana:
    - Nem imaginas! Aqueles rapazes que conhecemos ontem à noite, ligaram-me agora a convidar-nos para irmos ao bar que abriu à pouco no Bairro Alto.
    - Que bom! Mas hoje devo ficar por casa, ainda não recuperei de ontem e amanhã trabalho.
    - Ok, tu lá sabes! Eu vou, por isso se mudares de ideias liga.
    - Assim farei, se mudar de ideias - desliguei.
  Fui para o quarto descalçar os sapatos, sentei-me na cama e olhei para a minha mesinha-de-cabeceira, abri a gaveta e tirei de lá uns binóculos que me tinham oferecido há uns anos, quando o meu sonho era ser bióloga... Fui para a janela e sentei-me no chão, ás escuras, a observar todas as janelas daquele prédio, em frente ao meu e igual ao meu.

Autora: Joy

1 comentário:

Aya disse...

Oi! (:
Obrigado por partilhares este texto, está 5*! Tem um final inesperado sim senhora x)

Beijinho!
Aya